A banda de synth pop norueguesa A-ha foi uma das maiores dos anos 1980 (chegou a reunir 160 mil pessoas no Rock in Rio 2, em 1990, um recorde) e seus hits de rádio dariam para fazer a programação de uma rádio durante um mês a fio. Take on Me, Stay on These Roads, Crying in the Rain, Hunting High and Low: peças que tiveram impacto em todas as classes, faixas etárias e gostos.
Muita gente diz que o A-ha antecipou coisas em seu auge, como o techno, algumas ramificações da dance music. O que acha disso?
Acha o pop atual chato? Gosta de Lady Gaga, por exemplo?
Essencialmente, nós, como seres humanos precisamos primeiro entender quem nós somos. Com a arte, estimulamos o entendimento do que somos, ajudamos a clarear as coisas, a fazer o homem se analisar, descobrir sua identidade. O que vemos e como descrevemos isso é o que podemos fazer para mudar o mundo. Acho que a crise que vivemos só pode ser contornada se o homem desvendar quais são os valores que o motivam hoje em dia. E quais são esses valores? O sistema do dinheiro é o sistema dos valores atual. Por que o homem não reconhece que é parte da natureza? Precisamos entender isso, porque é o que está nos projetando numa crise de identidade. Não estamos nos autogerindo, mas nos deixando carregar. Estamos indo contra a natureza. Aí é que está o turning point: temos de reconhecer nossa responsabilidade. Não é uma grande mudança, é pequena, é um despertar.
E uma música que auxilie esse despertar seria o ideal?
Não acredito em propaganda, mas em responsabilidade. Não acredito em música que carregue lemas, advertências, mas que ajude a revelar qual é a essência do humano. E que o faça ver que tudo está em nossas mãos.
Curiosamente, seu novo disco se chama Out of My Hands. É uma descrição do seu estado de espírito?
É o título de uma das canções do disco. Não há um sentido único nessa letra. Como uma pintura, pode ter várias leituras: pode significar algo que fiz, doei e os ouvintes pegaram para si. Saiu das minhas mãos. É como é a vida: a gente nasce de alguém, mas aí é do mundo. Está fora das mãos da gente, está no universo.
2 comentários:
Falou e disse.Bela entrevista!! parabéns Morten!
Como Morten é inteligente e sensível.
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